13 de novembro de 2009

Minie e Carleen

Com as janelas fechadas, não se podia perceber o sol que se espreguiçava naquela manhã, mas Carleen e Minie nada queriam com o belo dia. A semana havia sido tão cansativa, que elas permaneceriam deitadas na cama até que um terremoto as obrigasse a partir para debaixo dela.
Mas eram nove horas ainda quando o despertador bege, dado de presente pela avó de Minie, começou sua tortura matinal, zunindo, gritando, escandaloso, fazendo Minie virar um belo tapa no pino salvador que o calava.

_ Merda... – cutucou a parceira – Acorda Carleen! Sábado de família...

_ Cê se enganou, Minie... Domingo é que é dia de família... – as palavras foram ditas em sussurros, pois Carleen não queria acordar a si mesma.

_ Engraçadinha... Se domingo for dia de família, estamos com um sério problema, pois perdemos todo o final de semana para nossas infelizes tarefas familiares.

_ Ah... me deixa aqui, vai? Não seja tão má comigo, não basta o que faz comigo durante a noite?

_ Eu não me lembro de nada...

Carleen levantou uma sobrancelha e virou-se assustada para a outra:

_ O quê?

_ Estou brincando, sua idiota... – ria e passava a mãos nos cabelos curtos e arrepiados, bagunçando-os.

Nervosa, Carleen jogou o travesseiro em Minie.

_ Idiota é a mãe...

_ Nisso eu concordo... sua mãe é uma idiota.

_ É ótimo ver seu bom-humor matinal, me dá mais vontade de sair da cama pra chutar sua bunda... – levantou devagar, os cabelos compridos e muito negros caindo pelas costas, brilhantes e bagunçados. – Ai... minhas costas...

Minie deu um sorriso enviesado e mordeu os lábios. Esticou o braço e alcançou o cabelo da outra, puxou devagar uma mecha.

_ Desculpa... Peguei pesado...

_ Do que é que você ta falando? – olhou para trás com uma pose sapeca – Eu é que peguei pesado com você.

Minie não resistiu àquele olhar provocador, e avançou para a amante. Abraçou o ar, já que Carleen levantou-se com agilidade, e correu para o banheiro. Sentindo-se derrotada, Minie bateu na cama.

_ Ah! Bela dor nas costas! Nunca te vi levantar tão rápido! – e num tom mais baixo – só pra me provocar mesmo, desgraçadinha...

4 de novembro de 2009

14-34

Eu conheci o que era o homem e o sexo quando tinha quatro anos de idade. Saíra mais cedo da escolinha e a mãe de uma coleguinha me deu carona até em casa. A porta estava aberta, então fui entrando, com meus passinhos leves e apressados. Deixei a mochila rosa sobre o tapete da sala e corri para a cozinha. Só então ouvi vozes, sussurros e gemidos, vindos do quarto dos meus pais. Empurrei a porta devagarzinho, e o que vi me impressionou.

Meu pai, de pé. Minha mãe, de joelhos. Ela tomava-o na boca com carinho, desejo e devoção. Ele a olhava com algo parecido com clemência, e certa gratidão, empurrando sua cabeça para frente e para trás, ao bel prazer.

Eu não sabia que era errado olhar, então fiquei ali até cansar. Meu pai estava de frente para mim, e se me viu, me ignorou. Ele era um homem lindo, de corpo perfeito, esculpido pelo trabalho pesado de ajudante de obras. O queixo grosso e comprido, com uma covinha no meio, mostrando sempre uma altivez soberba.